quinta-feira, 17 de dezembro de 2009


Éramos dois seres bifurcados que se encontraram para se unirem e seguirem paralelos mas, sem nunca se cruzarem. Havia o cheiro da tua pele, havia o tremor de te sentir, havia o afago das tuas mãos, havia o arrepio na espinha, havia o grito ofegante e surdo de desejo mas, nunca houve nada. Tantas noites de dia me lembrei dos teus lábios que mal me tocaram mas que souberam a muito. Tantos foram os pensamentos e anseios escritos nas entrelinhas mas, que o papel os ocultou para que nunca os pudesses ler. Passaram tantas luas enquanto tu contavas nas ondas do meu cabelo as marés que se desfaziam em espuma sobra cada luar. Estava traçado na estrada de gravilha do nosso destino um risco fino, que nos separava cada vez mais... e foi ficando tão fundo que fez um vale profundo e cada vez mais... se foi tornando num fundo tão fundo afastando-nos para sempre cada vez mais... Na constelação de estrelas do teu olhar lia-se um futuro negro como os teus olhos mas, um presente brilhante e muito luminoso como a tua pele. Ficou a promessa de uma noite no porto dos desejos e que nunca se poderá cumprir. Mas, falta-nos um fim para este final porque no nosso reencontro passados todos estes anos perdidos encontrei algo afinal... havia o amor.

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