terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Vazio


Dás três voltas a maldita fechadura, deparas-te com o vazio que criaste. Descalças-te e pousas as chaves. Arrumas o casaco no armário e sentas-te. Suspiras pelo fim do dia. Ouves a vida lá fora enquanto cá dentro te agarras ao silêncio inoportuno. Todos os dias é assim. Arranjas um pão com leite com chocolate, fazes uns ovos mexidos (do nada que cozinhas) ou telefonas a pedir algo do «Take Away». As horas passam com o girar da bola no campo, um pouco de euforia dos adeptos mantem-te acordado até o sono chegar, e finalmente fechas os olhos na cama larga e extensa que vagueias noites sem fim. As tuas pernas já não têm força para pegar na prancha e fugir por aí de manhazinha, por isso deixas-te ficar um pouco mais na cama, enquanto tudo lá fora se agita. Lembras-te quando foi a ultima vez que a campainha tocou? Talvez apenas para receberes o jantar que encomendaste. Perdeste tudo à tua volta. Vagueias sozinho. Não conversas. Não tens sonhos. Não tens companhia no meio de paredes que deixaste por ilustrar. Não soltas uma gargalhada à tanto tempo. Não tens amigos porque os maltrataste quando te quiseram ajudar. Não tens uma miuda porque não sabes amar. Não tens filhos porque um dia os expulsas-te da tua vida. Assim, Morres. Sozinho. No vazio que criaste.

Um comentário:

  1. obrigadaaa pelo comentário
    **Bem a realidade é que, tu tambem escreves muitooo bem, li e adorei este teu texto, está bastante bom.. Fiquei fã do teu blog, desta tua maneira de escrever
    **um beijinhooo, vou passar cá mais vezes

    ^a seguir-te

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